A enorme parcela da nossa vida que perdemos a dormir subsiste como uma das grandes afrontas humanas à voracidade do capitalismo contemporâneo.

Trabalhar e consumir 24 horas por dia, 7 dias por semana, parece ser a palavra de ordem da actualidade. Nesta engrenagem imparável, incompatível com o tempo morto e improdutivo do nosso sono, tornámo-nos sonâmbulos coniventes com a nossa própria exaustão. Em 24/7, Jonathan Crary explora as origens e consequências deste estado de eterna vigília, indo de Guy Debord a Gilles Deleuze, Hannah Arendt ou Sigmund Freud, e traça um panorama vertiginoso da contemporaneidade, em que o sono é a maior afronta ao capitalismo: um empecilho à produtividade, um reduto de humanidade, a única fronteira não conquistada pela lógica da mercadoria. Ensaio polémico e fascinante, conciso mas abrangente (da Revolução Industrial às redes sociais), 24/7 é a redescoberta de um lugar a salvo para a consciência e a construção da comunidade.


Sobre o Autor

Jonathan Crary é crítico de arte e professor de Teoria e Arte Moderna na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Referência incontornável no pensamento da cultura visual, com um discurso crítico e refinado, Crary reflecte sobre o papel do olhar humano, da atenção e percepção do espectador e consumidor, na consolidação da economia capitalista. Entre os seus títulos, destacam-se Suspensions of Perception: Attention, Spectacle, and Modern Culture (1999) e Técnicas do Observador (2017, Orfeu Negro), obra que propõe que a formatação da visão é essencial para normativizar o observador. Crary é também editor da Zone Books e escreve regularmente para publicações como a October, a Cahiers du Cinéma e a Artforum.