Todas as tardes, ao cair do crepúsculo, no momento em que termina a visita dos turistas à Torre da Barbela, edificada por Dom Raymundo da Barbela, com trinta e dois metros de altura e classificada como monumento nacional por ser a única torre triangular da Península, os Barbela ressuscitam, trazendo consigo ódios e amores de outras épocas.
Em volta da Torre transfigurada reúnem-se os parentes modernos e antigos da família, "primos vestidos em séculos diferentes e com bigodes conforme a época". Entre eles contam-se Dom Raymundo, poeta e primo de Dom Afonso Henriques, ao lado de quem combateu contra os leoneses; o Cavaleiro de aventuras, que percorre os montes com Vilancete, grande garrano da Ribeira de Lima, e seguido por Abelardo, o falcão que o auxilia na caça; a linda D. Mafalda, cujo formato dos vestidos copia os modelos de Watteau e Fragonard e se corresponde com Beckford; a princesa Brites, célebre no século XIX; Madeleine, "prima que veio de Paris cheia de cores"; Frey Ciro, o santo da família, e a bruxa de São Semedo.
A Torre da Barbela conta-nos as ironias de oito séculos de paixão por enguias fumadas e do amor entre o Cavaleiro mais lendário do mundo e a sua prima francesa, de pessoas que só sabem falar da véspera ou do que já passou e de um local onde é difícil fazer qualquer coisa que não esteja estabelecida há quatrocentos anos. Este romance foi publicado em 1964 e conheceu três edições em vida do autor e uma reedição, pela editora Presença, em 1983. Foi distinguido com o prémio Ricardo Malheiros, da Academia de Ciências de Lisboa.
Sobre o Autor
Ficcionista e ensaísta português, Ruben Alfredo Andresen Leitão nasceu a 26 de maio de 1920, em Lisboa, e morreu a 26 de setembro de 1975, em Londres. Formado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra, foi docente na área da Língua e Cultura Portuguesas naUniversidade de Londres (1947-1952), tendo sido convidado para desenvolver atividade docente na Universidade de Oxford alguns meses antes da sua morte.
Entre 1954 e 1972, foi funcionário da Embaixada do Brasil em Lisboa. Estudioso de D. Pedro V, tendo procedido à edição dedocumentos de governação e correspondência inédita do monarca, foi ainda autor de vários verbetes no Dicionário de História de Portugal , dirigido por Joel Serrão. Integrou, em 1972, o Conselho de Administração da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, no domínio da qual foi responsável poruma importante atividade de edição.
Colaborou com algumas publicações periódicas, tendo, por exemplo, redigido inúmeras recensões críticas na secção de "Livros escolhidos" no Diário Popular , entre 1963 e 1974. Estreou-se, em 1949, com Páginas , uma obra híbrida, misto de diário e de ficção,cujo sexto volume seria editado em 1970. Chocando pela mordacidade, pela irreverência linguística e pela desconstrução dos eixos narrativos tradicionais, estreara-se, entretanto, na novelística com o romance Caranguejo , publicado em 1954, a que se seguiria, em 1965, um dos seus maioressucessos, A Torre da Barbela (prémio Ricardo Malheiros), obra que sobrepõe, num delírio verbal apostado na caricatura da psicologia portuguesa, várias épocas da História da nacionalidade. A segunda metade da década de 60 será marcada pela publicação dos três volumes autobiográficos: O Mundo à Minha Procura . Em 1973, publicou a sua última obra, a novela Silêncio para 4 , deixando inédito o romance de inspiração histórica Kaos. A obra vasta de Ruben A. incide particularmente sobre dois tipos de registos literários: a ficção autobiográfica e a ficção histórica. Num longo itineráriode conhecimento da existência através do ato de escrita, seja no registo diarístico, seja ficcional, seja histórico, Ruben A. é um dos autores que, partindo da fratura da identidade operada por Fernando Pessoa ou por Mário de Sá-Carneiro, mais recorrentemente problematizam odesdobramento do eu, numa reflexão que culminaria com obras como O Outro que Era Eu , uma introspeção sobre o "processo de desintegração do eu abandonado à sensação de "embarcar no Outro", até ao acontecimento insólito de "integração total de um ser em outro" enquanto sinónimode uma "nova era". Este projeto de busca de si mesmo alcança, em obras como A Torre de Barbela e Kaos , uma dimensão de busca da identidade coletiva que, pela subversão cronológica, se posiciona como crítica irónica e surrealizante a uma certa forma de ser português. Pouco conhecidocomo autor dramático, Ruben A. é autor de uma peça em dois atos, Júlia , publicada em 1963, onde, segundo Luiz Francisco Rebello (cf. 100 Anos de Teatro Português (1880-1980), Porto, ed. Brasília, 1984, p. 35), "é notória a influência do moderno teatro inglês em geral e de T. S. Eliot emparticular", tendo ainda deixado alguns textos inéditos, como a peça em um ato Triálogo .
Continente:
0,000 até 0,999 kg - 4,20
1 kg até 4,999 kg - 4,40
5 kg até 9,999 kg - 4,70
10 kg ate 19,999 kg - 4,85
20 kg até 30 kg - 4,90
Ilhas:
0,000 até 1,999 kg - 10,07
2 kg até 4,999 kg - 11,37
5 kg até 9,999 kg - 13,90
10 kg até 19,999 kg - 21,78
20 kg até 30 kg - 28,53
Europa:
0,000 até 0,999 kg - 8,37
1 kg até 1,999 kg - 10,47
2 kg ate 2,999 kg - 17,57
3 kg até 3,999 kg - 21,26
4 kg até 4,999 kg - 24,95
Resto do Mundo:
0,000 até 0,999 kg - 15,27
1 kg até 1,999 kg - 24,45
2 kg ate 2,999 kg - 42,02
3 kg até 3,999 kg - 54,20
4 kg até 4,999 kg - 66,37
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