Plano Nacional de Leitura

Amélia entrou na sala. O seu pai estava sentado
na sua cadeira favorita a ler o jornal.
– Pai – disse ela –, estava a pensar…
O pai suspirou. «Quando a Amélia pensa, normalmente significa que temos problemas», disse. Amélia continuou:
– Pai, podemos ter um cão?

Às vezes é preciso ir por outros caminhos para alcançar uma meta; mas nem sempre a distância mais curta entre dois pontos é necessariamente uma reta. E é esta a estratégia de Amélia quando decide que quer ter um cão... De uma águia a uma baleia, passando por um cavalo ou um elefante, as suas tentativas para convencer o pai são cada vez mais disparatadas.

Além de uma divertida história sobre quão espertas podem ser as crianças e a pouca atenção que os adultos lhes prestam perante assuntos aparentemente banais, o conto destaca-se pela sua estrutura vincada. Tim Bowley recorre aos esquemas da literatura oral – estrutura acumulativa e elementos repetitivos – para captar a atenção dos leitores.

Uma obra de grande colorido e uma proposta estética com recurso à técnica mista e à colagem, para aproximar as crianças de conceitos como a responsabilidade, aplicada às obrigações: o que implica cuidar de um animal doméstico, que animais é que são susceptíveis de ser domesticados ou quais é que devem viver em liberdade pelo seu caráter selvagem.


Sobre o Autor

Tim Bowley
(Londres, 1945 - 2017) Narrador e especialista em contos tradicionais de todo o mundo, percorreu inúmeros países com as suas atuações ao longo de 25 anos de trajetória, ao mesmo tempo que dava formações nessa área.
Colaborou numa antologia narrativa publicada no Reino Unido e foi autor da obra bilingue, em inglês e espanhol, “Semillas al viento”, traduzida por Casilda Regueiro, com quem formou um duo artístico durante uma década. Posteriormente trabalhou com a narradora Charo Pita. Na sua bibliografia para o público infantil destacam-se “Jaime e as bolotas”, “Amélia quer um cão” e as antologias “Contos do mundo” e “Não há como escapar” (KALANDRAKA).