A vida das sociedades alterou-se, sucessivamente, ao longo dos séculos. As suas comunidades tiveram de se adaptar aos mais diversos tipos de condições, fossem elas naturais ou fruto da ação humana. No entanto, o papel dos rios foi sempre inegável.
A sua importância vai muito além do impacto que têm na definição geográfica do nosso planeta. O papel dos rios reflete-se diretamente na vida das populações, com um impacto fundamental a nível económico e social, mas também com claros reflexos na esfera cultural.
A relação entre rio e cidade acabou por pautar, desde sempre, o desenvolvimento urbano nas cidades europeias das mais diversas dimensões. Em Torres Vedras, “bebemos” da experiência de um território onde desaguam dois rios. Ao Sizandro – que aqui conta com textos assinados por Carlos Guardado da Silva, Jorge Martins e Carlos Figueiredo –, junta-se o Alcabrichel.
Ambos contribuíram para a definição da identidade do concelho de Torres Vedras e continuam a juntar populações, instituições e autarquias em torno de um trabalho que visa garantir a preservação da fauna e da flora.
Foram todas estas dimensões que a 21ª edição do “Turres Veteras” explorou, ao dedicar-se aos “Caminhos do Rio”.
O auditório do edifício dos Paços do Concelho de Torres Vedras abriu portas a uma reflexão que se prolongou no tempo, mas também no espaço. Por um lado, porque permitiu embarcar numa autêntica viagem pelas várias dimensões que caracterizam territórios banhados por rios tão distintos; e por outro lado, porque levou a que estabelecêssemos uma profícua parceria com os municípios de Abrantes e de Lisboa, onde foram apresentados vários textos sobre a temática que agora podemos ler nesta obra.
Este é um livro que parte das ideias partilhadas e que se assume como um renovado ponto de partida. Porque tal como todos os processos de reflexão, também este é um processo dinâmico.
Cabe-nos, pois, continuar a trilhar um caminho de proteção e conservação da biodiversidade, não só através da intervenção no ambiente físico, como a requalificação biofísica e paisagística nas linhas de água, mas também através da sensibilização e educação ambiental para a qual esta obra tão dignamente contribui.

[Da “Apresentação” de Carlos Manuel Antunes Bernardes, Presidente da CM Torres Vedras]