“Peço a Palavra”, as muitas mil vozes que pediram a Palavra, a 17 de Abril de 1969 fizeram deste gesto inicial e simples, breve e longo, um símbolo da memória e revolta Nele iniciando a liberdade que em Coimbra, por quatro meses, se fez um lugar de “ real em que verdadeiramente tudo aconteceu e foi violento e duro, e perdura. Mas na encruzilhada daquele tempo, incerto e veloz, esteve também a festa e a felicidade de quem faz o acontecimento (pessoal ou colectivo Na individualidade que a cada um de nós pertence, com situações e dramas distintos, todos podemos dizer que aquele foi o nosso tempo, e lugar, e estivemos lá.
A solidariedade viveu, então, em Coimbra, cercada pela agressão e violência, censória e pidesca, com o espectro de uma guerra colonial, a esconder se numa incorporação militar compulsiva, feita à medida A liberdade passou por ali, quebrou os muros da Universidade, foi pela cidade, ecoou pelo país.


Sobre o Autor

Alberto Martins, é natural de Guimarães onde nasceu a 25 de Abril de 1945. Jurista e Político. Foi Presidente da Associação Académica de Coimbra em 1969. Esteve na fundação Movimento de Esquerda Socialista (MES) no pós-25 de Abril. Participou na candidatura presidencial de Maria de Lourdes Pintasilgo. Em 1987 integrou, como independente, as listas do Partido Socialista à Assembleia da República. Aderiu posteriormente ao Partido Socialista. Na Assembleia da República foi líder parlamentar; presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias; presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas. Foi vice-presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
Exerceu os cargos de Ministro da Reforma do Estado e da Administração Pública no XIV Governo Constitucional e de Ministro da Justiça no XVIII Governo Constitucional.